Rudolf Buchbinder abre temporada do Mozarteum com sonatas de Beethoven

O pianista austríaco Rudolf Buchbinder faz hoje e amanhã, na Sala São Paulo, recitais dedicados a uma seleção das sonatas de Beethoven. As apresentações abrem a temporada de concertos internacionais do Mozarteum Brasileiro.

O programa de hoje tem a Sonata nº 10 e as sonatas Patética, Ao luar e Waldstein; amanhã, Buchbinder toca a Sonata nº 6 e as sonatas A caça, Appassionata e A Tempestade. 

Em entrevista à Revista CONCERTO de abril, Buchbinder falou sobre o início de sua relação com a música de Beethoven:

"Cresci num apartamento pequeno, com minha mãe, meu irmão e minha avó. Tínhamos um piano e, em cima dele, um rádio. Na parede, uma imagem de Beethoven. O rádio ficava ligado o dia inteiro, e o que ouvia nele, eu tentava tocar no piano. Minha família não mantinha ligação com a música, mas um tio, casado com a irmã de minha mãe, ensinava piano a meu irmão e, por isso, tínhamos o instrumento em casa. Era um piano alugado. Eu ficava fascinado pela música o tempo todo, e esse tio leu no jornal que a Academia de Música de Viena, depois da guerra, estava procurando por jovens talentos. Fiz o exame de admissão com 5 anos, tocando uma peça que aprendi, e fui aprovado", contou.

"Fui o mais jovem aluno da história da Academia de Viena. E aquele Beethoven pendurado na parece estava sempre me olhando. A relação com o compositor foi crescendo devagar quando eu era criança – é claro que comecei a tocar algumas peças dele, algumas variações mais simples. Mas a relação se fortaleceu quando eu fiz 13, 14 anos. A figura dele me fascinou, e eu mergulhei na música. Minha primeira gravadora foi a Teldec, e eu pensei desde o início em gravar todas as sonatas. Mas eu era muito jovem e, então, gravei outras peças para piano. Se não me engano, foi em 1973 que gravei pela primeira vez todas as sonatas de Beethoven."

Para o pianista, é sempre possível encontrar novas abordagens, apesar das seis décadas de relação com as peças. 

“Eu sempre descubro algo novo quando começo a estudar uma obra, mesmo se for a sonata Appassionata, que certamente toquei umas trezentas vezes. Essa descoberta nunca termina, acredito que, enquanto eu viver, vou descobrir coisas numa música, nas edições, nos autógrafos de Beethoven. Possuo 39 edições diferentes das sonatas de Beethoven e sigo estudando a primeira delas, que é fascinante.”

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