Companhias de ópera em todo o mundo têm buscado maneiras de modernizar sua atuação e repensar o gênero à luz de nossos dias – em especial após os desafios impostos pela pandemia. E duas delas chegaram a formatos interessantes.
A Ópera do Canadá criou um projeto chamado Disruptor-in-Residence, algo como Disruptor residente. O objetivo é, em um trabalho de dois anos, inserir no dia a dia da companhia artistas e projetos ligados à ópera com um olhar diferente para o gênero. Desta forma, os residentes têm a chance de aprender mais sobre o funcionamento de uma grande companhia e, ao mesmo tempo, oferecer caminhos e alternativas para a atuação do teatro.
Para a primeira edição do projeto, foi selecionada a Amplified Opera, grupo criado por um conjunto de artistas em 2019, quando realizou uma série de apresentações dedicadas a abordar histórias sobre a perda da visão; a questão de gênero na ópera; e noções de identidade e representatividade na presença de artistas negros nas programações e no repertório. Em um dos espetáculos, The Queen in me, mostrava como muitos papeis operísticos estão baseados em estereótipos de gênero.
“Amplified Opera coloca os artistas no cento do discurso público”, dizem os fundadores do grupo. “Estamos buscando descolonizar o modo como criamos e compartilhamos óperas, incluindo as vozes de criadores e de fãs de óperas em todos os aspectos da performance.”
“Como uma organização nacional, é nossa responsabilidade ajudar a dar voz àqueles que regularmente desafiam normas e práticas artísticas – e a nós mesmos. É uma forma de nos comprometer com o objetivo de fazer a ópera mais relevante do que nunca”, afirmou Christie Darville, membro da direção da Canadian Opera Company.
Já a Ópera de San Diego, nos Estados Unidos, vai realizar em julho uma nova edição do Opera Hack, programa que tem como objetivo explorar e desenvolver novas tecnologias na criação e divulgação de óperas. [As inscrições podem ser feitas aqui.]
O programa é aberto a profissionais da música, do teatro e da tecnologia, cuja missão é “descobrir novos métodos de performance e produção”. “Os participantes terão a oportunidade de estabelecer redes de contato com criadores de diferentes cidades mundo afora para criar times multidisciplinares e propor ideias inovadoras que podem ajudar no avanço do campo da ópera”, diz um comunicado da companhia. Em 2019, US$ 40 mil foram distribuídos em prêmios para os participantes.
A programação do evento terá quatro eixos principais. Será idealizada e realizada uma ampla pesquisa para identificar os desafios atuais da indústria; o encontro de profissionais para discutir novas ideias; uma premiação de US$ 15 mil para três propostas destinadas a solucionar os desafios da indústria; e a criação de uma plataforma on-line que vai reunir todas as propostas apresentadas, para que companhias de ópera de todo o mundo possam colocá-las em prática.
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