Retrospectiva 2020: Evandro Matté

Evandro Matté, diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre

“Quando a história reservar um espaço para falar sobre a celebração de 70 anos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) será possível dizer que, de fato, a arte imita a vida. Nem sempre a realidade corresponde às expectativas. Isso, entretanto, não revela um grau de depreciação, mas sim uma necessidade de improviso e resiliência que aprendemos com a música. Foi o que nos legou Pablo Komlós, regente e idealizador da orquestra, em 1950, com a consolidação da sinfônica em nível nacional. A metáfora é transposta ao planejamento da programação de 2020, que, por conta da pandemia, restringiu-se ao concerto de abertura da temporada artística – o primeiro e último contato presencial com o público no ano. As limitações físicas, todavia, originaram o primeiro projeto on-line da orquestra em sete décadas. O Ospa Live foi um passo importante para a Ospa cativar, digitalmente, um público fora do estado do Rio Grande do Sul pela primeira vez. Assim como na arte, a surpresa ficou reservada para o final. Em novembro, a Ospa concretizou um sonho, até então em aberto, que se estendeu por décadas. Por meio de um edital do Ministério Público do Rio Grande do Sul, foi possível arrecadar R$ 4,69 milhões – verba que tem como objetivo a finalização do complexo Casa da Ospa e a realização do programa Ospa Social, que visa a aquisição de equipamentos e, por consequência, a maior oferta de vagas para a formação de músicos na Escola da Ospa. Em 2021, arquitetamos um tempo de reencontros, a partir da volta gradual à normalidade. Com convidados nacionais e internacionais, ópera e concertos por todo o Rio Grande do Sul, a Ospa propõe um reinício, com momentos que reaproximem as pessoas. Buscamos, agora, a pluralidade de um grupo formado por dezenas de músicos na singularidade do sentimento que nos une. Que, assim, então a vida volte a imitar a arte novamente.”