ROSSINI: SONATAS PARA CORDAS
Lançamento Brilliant Classics.
2 CDs. Importado. R$ 144,00
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A trajetória de Gioacchino Rossini está associada à ópera. Nem poderia ser diferente. Entre os 18 e os 37 anos, escreveu nada menos que 39 peças do gênero. E, antes de se aposentar, voltou a compor apenas ao completar 65 anos, quando escreveu um conjunto de peças para piano, que chamou de “pecadilhos da velhice”. Nos anos 1950, no entanto, pesquisadores encontraram na Biblioteca do Congresso, em Washington, uma preciosidade: uma série de sonatas para cordas escritas pelo autor quando tinha apenas 12 anos e ainda não havia iniciado seus estudos formais em composição. São obras de grande originalidade. A começar pelo fato de todas elas serem escritas para quarteto de cordas, aqui formado por três integrantes do quarteto do Scala de Milão (Francesco Manara, Massimo Polidori e Daniele Pascoletti) e por Francesco Siragusa, spalla dos contrabaixos do teatro. São músicos de excelência inquestionável, que parecem muito à vontade com as idas e vindas de uma escrita solar, repleta de contrastes e que, de alguma forma, antecipam a riqueza do canto que marcaria as óperas de Rossini. Pudera: no fosso do Scala estão acostumados a este repertório, do qual são intérpretes de referência. Um disco que equivale a uma verdadeira descoberta.
GRIEG
Sonata para piano – 14 Peças líricas
Matthieu Idmtal – piano
Lançamento Piano Classics.
Importado. R$ 154,50
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Após celebrados discos dedicados ao compositor russo Alexander Scriabin, o jovem pianista belga Matthieu Idmtal volta-se agora ao universo da música para piano de Edvard Grieg. E o faz de maneira interessante, já a partir da escolha de repertório, pois une duas facetas da escrita do compositor. Sua Sonata para piano, escrita quando o autor tinha apenas 22 anos, é uma das obras que o mostra à vontade com formas tradicionais, que abordaria mais tarde também ao escrever, por exemplo, o Concerto para piano, seus quartetos de cordas ou então as sonatas para violino. Ao mesmo tempo, suas Peças líricas assumem caráter de miniaturas, obras breves ao longo das quais evoca o folclore norueguês que, com o tempo, o ajudou a encontrar sua personalidade como artista. Miniaturas, sim, mas que não devem ser consideradas peças menores, ao contrário. Pois, entre a sonata e a seleção de 14 das 66 Peças líricas escritas por Edvard Grieg – como as célebres Arietta, Butterfly e Noturno –, há vários mundos musicais que se descortinam perante o ouvinte, levado pelo guia de enorme inteligência musical que é Idmtal.
FLORENCE PRICE
Sinfonia nº 3
Orquestra Sinfônica da Rádio de Viena
John Jeter – regente
Lançamento Naxos. Importado.
R$ 108,60
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As obras da compositora norte-americana Florence Price têm começado a ganhar a importância que lhe foi negada durante décadas. E, com isso, se revela uma personalidade artística fascinante. Price formou-se em composição e piano no Conservatório de Música da Nova Inglaterra em apenas três anos, entre 1903 e 1906, apresentando-se também como intérprete em recitais e concertos. Vivendo anos de profunda segregação racial nos Estados Unidos, ela passou também pelo período da Grande Depressão, após a queda da bolsa da Nova York em 1929. Isso, no entanto, não a impediu de criar uma obra bastante rica. Sua Sinfonia nº 3, agora gravada pela Orquestra Sinfônica da Rádio de Viena e o maestro John Jeter, é exemplo da sofisticação com que ela lidava com a herança da música negra dos Estados Unidos. Da mesma forma, mostra a compositora à vontade em outro formato, como o do poema sinfônico. Ethiopia’s Shadow in America, registrada pela primeira vez, evoca a música dos escravizados norte-americanos, enquanto The Mississippi River reúne série de spirituals escritos para a lendária cantora Marian Anderson.
HAYDN: A CRIAÇÃO
Le Concert des Nations
La Capella Reial de Catalunya
Jordi Savall – regente
Lançamento AliaVox. Importado.
R$ 271,40
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Em 1795, ao retornar de uma turnê por Londres, Joseph Haydn levou consigo um texto narrando a criação do mundo como descrita pelo poeta John Milton em O paraíso perdido. De volta à Áustria, o barão van Swieten traduziu o libreto e Haydn começou a compor A criação, que seria uma das mais importantes obras corais do repertório. “Ele é, acima de tudo, o primeiro oratório secular, pois sua mensagem é direcionada a toda a humanidade, assim como A flauta mágica, na ópera, e muito antes do final da Sinfonia nº 9 de Beethoven”, escreve o maestro Jordi Savall no encarte de sua nova gravação da obra, com as forças dos grupos Le Concert des Nations e La Capella Reial de Catalunya. É particularmente tocante o modo como o maestro recria a angústia do início da primeira parte, “A representação do caos”; ou então a maneira como retrata cada uma das criações: luz, água, paisagens, plantas, animais, o mar, o ar. Savall é como um pintor a colorir uma partitura que, sob sua regência, assume formas inéditas, repleta de sonoridades capazes de nos fazer ouvir A criação de um novo modo.
COLEÇÃO MIGNONE VOL. 14
Orquestra Sinfônica da NBC
Arturo Toscanini – regente
Bernardo Segall – piano
Lançamento independente. Nacional. R$ 40,50
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Coordenada pela pianista e viúva do compositor, Maria Josephina Mignone, a Coleção Mignone já se estabeleceu como um dos mais relevantes projetos brasileiros de resgate musical. Ao longo dos lançamentos, tem sido possível o reencontro com a vastidão da obra de Mignone, em gravações preciosas feitas pelo próprio compositor e por alguns de seus principais intérpretes. E isso vale para o novo volume da série. O termo “gravações históricas” já foi muito utilizado, nem sempre com razão. No entanto, aqui, cai sob medida. O disco afinal traz obras marcantes do compositor interpretadas por uma lenda da regência, o maestro italiano Arturo Toscanini. Os dois se conheceram no Rio de Janeiro e, em 1940, durante uma turnê da Filarmônica de Nova York pelo Brasil, Toscanini regeu a Congada. E, alguns anos mais tarde, de volta aos Estados Unidos, gravou Festa das igrejas e a Fantasia brasileira nº 1 para piano e orquestra. Desta vez, o maestro está à frente da Orquestra Sinfônica da rede NBC, por ele criada e, durante a primeira metade do século XX, um dos principais conjuntos norte-americanos. O solista foi o pianista Bernardo Segall, campineiro que se radicou em Nova York, onde foi aluno de Alexander Siloti e tocou com todas as grandes orquestras da cidade. Um disco memorável, desde já documento fundamental para os amantes da música brasileira. Todos os outros volumes da Coleção Mignone estão disponíveis.