Dang Thai Son faz recital no Rio; leia entrevista

por João Luiz Sampaio 17/09/2019

O pianista Dang Thai Son imagina uma família que atravessa os séculos. Nela, são parentes Mozart, Chopin e Debussy. “Gerações diferentes, é claro”, ele brinca. “Mas a mesma língua, o mesmo idioma, a mesma família”, completa.

Son conversou com o Site CONCERTO para falar do recital que faz esta semana na Sala Cecília Meireles, sua volta ao Rio de Janeiro depois de quase uma década. Nele, vai unir Debussy e Chopin, incluindo na mistura obras de Paderewsky.

“Paderewsky tem sido foco de meu trabalho recente, com gravações para o Instituto Chopin de Varsóvia”, ele conta (entre elas, o Concerto, com Vladimir Ashkenazy e a Philharmonia Orchestra, de Londres). Se estamos falando de família, ele seria um primo de primeiro grau de Chopin? “Há com certeza uma influência dele na música de Paderewsky, um compositor extremamente poético, romântico.”

Son começou seus estudos de piano com sua mãe, em Hanói. Com a Guerra do Vietnã, no entanto, as atividades no conservatório foram interrompidas e os alunos foram levados para abrigos aéreos, onde ele seguiu estudando. Em 1974, foi descoberto pelo pianista russo Isaac Katz e mudou-se para Moscou, entrando para o conservatório.

Em 1980, aos 22 anos, venceu o primeiro prêmio no Concurso Chopin, em Varsóvia (além dos prêmios de melhor intérprete das Mazurcas, das Polonaises e do Concerto nº 2. E a relação com o compositor se tornaria em um dos pilares de sua carreira: foi convidado, por exemplo, a gravar os seus concertos para piano em um instrumento Erard de 1849, sob regência de Frans Bruggen e a Orquestra do Século XVIII.

“Debussy e a música francesa têm sido muito importantes no meu repertório nos últimos tempos. Mas Chopin é um companheiro de vida, meu parceiro, com ele divido todo o meu pensamento”, explica.

Pergunto a ele como, de 1980 para cá, mudou sua visão a respeito da música do compositor. “No começo, a referência para minha era a escola de Horowitz, a importância do rubato e, ao mesmo tempo, o sentimento que Alfred Cortot era capaz de evocar”, ele explica. “Hoje, sinto que meu objetivo é mostrar a poesia, a beleza, influenciado pelos dramas de sua vida pessoal.”

Dang Thai Son [Divulgação]
Dang Thai Son [Divulgação]

Mestre

Nos últimos anos, Son passou a se dedicar cada vez com mais ênfase à atividade pedagógica. É professor do Conservatório de Oberlin, nos Estados Unidos (país que, na juventude, recusou-lhe vistos de entrada para turnês e concertos); e ocupa postos também na Escola Nacional Chinesa de Música e no Conservatório de Música da China, em Pequim e Taipei. 

“A atividade como professor foi chegando em silêncio a aos poucos tomando conta da minha agenda”, ele conta, rindo. “Não tenho certeza de que foi algo planejado. Mas à medida em que alunos muitos talentosos começavam a me procurar mais e mais, foi tornando-se uma inspiração estar com eles.” Boa parte de seu tempo, nos palcos e nas salas de aula, o encontra na Ásia. “Há um boom acontecendo, em especial na China. E me sinto horando de fazer parte desse momento”, conclui. 

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