Danielle Akta toca Schumann com Filarmônica de Minas Gerais

por Redação CONCERTO 06/07/2022

Em 1850, ao chegar em Düsseldorf para assumir a regência da orquestra local, Robert Schumann trabalhava em uma obra que se tornaria pilar de sua popularidade como autor – seu Concerto para violoncelo e orquestra.

Tentando convencer editores a publicar a obra (o que só aconteceu depois de duas tentativas), o compositor afirmava que ela seria bem recebida e teria boa saída por conta da pouca quantidade de concertos para o instrumento àquela altura. 

Schumann chegou mesmo a definir a obra como “uma peça alegre”, o que hoje soa apenas como uma estratégia. O compositor ainda fazia revisões na partitura quando, em 1854, tentou o suicídio, sendo em seguida internado em uma instituição nos arredores de Bonn, na Alemanha.

A peça será interpretada nas apresentações desta semana da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, nos dias 7 e 8. A solista será Danielle Akta, jovem violoncelista formada pela Barenboim-Said Musik Akademie de Berlim.

A regência é de Fabio Mechetti e o programa conta ainda com Escales, de Ibert, e com o Poema do êxtase, uma das obras mais marcantes de Alexander Scriabin.

“Se as experiências místicas não podem ser transmitidas em palavras, elas podem ser conjuradas através da música? Esta questão tornou-se uma obsessão para Scriabin. No início do século XX, o mundo ocidental estava cada vez mais consciente do rápido avanço da ciência e da racionalização da sociedade. À medida que muitos começaram a questionar religiões mais tradicionais e formas de entender o mundo, alguns sentiram que a marcha do progresso estava deixando as necessidades espirituais da humanidade insatisfeitas. Influenciado por Schopenhauer, Nietzsche, Wagner e Teosofia, Scriabin acreditava que a arte – e principalmente a música – tinha o poder de preencher esse vazio”, escreveu Calvin Dotsey sobre a peça.

“Apesar da natureza inefável das experiências místicas, místicos de muitas tradições diferentes tentaram comunicar suas experiências por meio de comparações com fenômenos mais terrenos, incluindo nascimento, morte, despertar e até sexo. A conexão entre o misticismo e o erótico foi central para Scriabin. A partitura contém muitas marcas de expressão não convencionais, incluindo “muito perfumada”, “com uma sensação de intoxicação crescente” e “com um prazer sensual cada vez mais extático.”

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A violoncelista Danielle Atka [Divulgação]
A violoncelista Danielle Akta [Divulgação]

 

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