Osesp estreia obra de Felipe Lara baseada em livro de Nuno Ramos

por Redação CONCERTO 11/09/2019

Quando o diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Arthur Nestrovski encomendou uma obra ao compositor Felipe Lara, imaginou uma peça de cerca de dez minutos para coro a capella. Mas o compositor tinha outra ideia em mente. E, nesta semana, o público terá a chance de ouvir pela primeira vez Ó, baseada em livro de Nuno Ramos, que será apresentada na Sala São Paulo nos dias 12, 13 e 14.

Ó é uma peça longa, de 32 minutos mais ou menos, e requer um conjunto não ortodoxo: oito narradores/cantores amplificados, dois coros antífonos (direita e esquerda), uma orquestra também não completamente convencional, com duas guitarras elétricas, e sons pré-gravados”, explica Lara em entrevista concedida ao jornalista Irineu Franco Perpetuo, publicada na edição de setembro da Revista CONCERTO. “Ao ler o livro, não consegui imaginar uma obra de dez minutos, muito menos apenas para coro a capella. Aos poucos cheguei a essa formação, que faz referência e homenagem à Sinfonia de Luciano Berio não apenas no uso das vozes, mas também nas inúmeras referências mais ou menos sutis que faço à grande obra do mestre italiano.”

Aos 40 anos, Lara é um dos principais nomes da atual geração de compositores brasileiros. Radicado desde 1995 nos Estados Unidos, é professor do Peabody Institute e já escreveu peças para conjuntos como o Quarteto Arditti e o Ensemble InterContemporain. Atualmente, trabalha em obras para as filarmônicas de Helsinque e Los Angeles. 

Ó de Nuno Ramos é em si extremamente complexo, no melhor sentido da palavra. É inquietante, líquido e cheio de movimento; o livro não descansa e não pode ser encaixotado ou definido facilmente; nesse sentido, Ó, assim como boa parte da obra de Nuno Ramos em geral, é muito música. Decidi usar narradores para declamar seleções do texto e o resto do conjunto para reagir e trazer à tona sons, imagens, cheiros e movimento da brilhante linguagem de Nuno. Os sons pré-gravados são como déjà vus de acordes dos coros, gravações do Nuno lendo partes do livro e gravações que eu fiz com crianças de escola pública junto com ativistas/artistas liderados por Roberto Fachini e Cinthia Crelier, do Espaço Cultural Ventos Uivantes, na Mata Atlântica, em São Francisco Xavier”, diz Lara sobre a ópera.

As apresentações serão regidas pelo maestro Neil Thomson e contam, além da Osesp, com o Coro da Osesp e os solistas Manuela Freua e Érika Muniz (sopranos), Silvana Romani e Raquel Gaboardi (contraltos), Jabez Lima e Jocelyn Maroccolo (tenores) e Sabah Teixeira e Israel Mascarenhas (baixos). O programa tem ainda o Agnus Dei, de Samuel Barber, e A ilha dos mortos, de Rachmaninov.

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O compositor Felipe Lara e o maestro Neil Thomson durante ensaio com os solistas na Estação Julio Prestes [Reprodução / Osesp]
O compositor Felipe Lara e o maestro Neil Thomson durante ensaio com os solistas na Estação Julio Prestes [Reprodução / Osesp]

 

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