Num vídeo de 1970, um jovem Pinchas Zukerman, com jeito do ator Antonio Banderas, toca um trechinho de Bach ao final da entrevista em alemão. Ali, o violinista nascido em Tel Aviv ostenta longas costeletas, animação, um sorriso fácil. Tinha 22 anos, estava em firme escalada para o Olimpo da música clássica e começava a reger.
Quase 50 anos depois, em outro vídeo, pode-se acompanhar a master classe que Zukerman ministra para uma adolescente na Manhattan School of Music, escola em que dirige um celebrado programa de performance. Ainda lembra o ator espanhol. Num dos comentários do vídeo, alguém escreve: “ainda vou chegar a um ponto da minha carreira em que poderei usar chinelos (flip flops) nas master classes que dou”.
Esse violinista, regente, professor e celebridade internacional toca no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta quinta, dia 22, na Série Dell’Arte; e se apresenta com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, nos dias 29 e 30 de agosto. No Rio, estará à frente da Orquestra de Barra Mansa, projeto social ligado à música da cidade fluminense, sob a batuta de Daniel Gudes. Em Minas, acumula aos postos de solista e de regente.
O programa é o mesmo nos dois teatros: Bosques silenciosos, de Dvorák; o extraordinário Concerto para violino em ré maior, op. 61, única obra de Beethoven para a formação e, de novo, Dvorák, com a Sinfonia nº 8 em sol maior, op. 88. A peça de abertura, para flauta, clarinetes, fagotes, trompa, cordas e violoncelo solista, terá a participação da canadense Amanda Forsyth, mulher de Zukerman.
Zukerman falou por e-mail com o Site CONCERTO – aos quais enviou respostas curtas, exatas cinco frases. Sobre a obra que sola, por exemplo, limitou-se a dizer que “é o mais belo concerto de violino jamais escrito”. Sem dúvida – e se tornou peça de resistência da carreira do israelense desde 1968, quando a tocou pela primeira vez com Daniel Barenboim – também um jovem, com seus 26 anos de idade – e a Hallé Orchestra, em Manchester. Composto nos primeiros anos do século XIX, tem 45 minutos de duração – 25 só no primeiro movimento – e firma um extraordinário patamar de diálogo entre solista e orquestra.
Sobre suas atividades múltiplas, de professor, regente, instrumentista Zukerman diz que os diversos papeis são parte de sua vida e que tenta “ajudar a todos em cada um deles”; sobre o que ainda gostaria de acrescentar à sua vastíssima discografia (que já ultrapassa os cem discos), “qualquer coisa que queiram que eu grave”. Ele se disse ainda “ansioso pela oportunidade de fazer música” e, sobre a necessidade de adaptação da música clássica ao ambiente digital e à tecnologia, o músico – que teve papel pioneiro no ensino à distância de música – afirma que “é muito importante que tenham maior interação”.
Há dez anos como principal regente convidado da Royal Philharmonic, mantém posto na Austrália como artista convidado, faz turnês com a Filarmônica de Rotterdam e rege numerosas orquestras; faz concertos de câmara com seu trio (que também inclui a mulher, Amanda) e integra diversos programas de ensino nos Estados Unidos e na Europa, em atividade incessante. A conversa, sucinta, foi encerrada com a resposta sobre suas expectativas para esta nova vista ao Brasil: “Maravilhosas”.
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