No Brasil, a formação de um dos elos mais importantes da cadeia de produção na música clássica – o gestor – costuma ser feita de maneira dispersa e empírica. Tirando a prática cotidiana, há poucas oportunidades para o aperfeiçoamento de algum interessado na administração, na curadoria artística ou de programação de uma sala de concerto.
A partir dessa percepção, o compositor, professor e diretor da Sala Cecília Meireles João Guilherme Ripper – ele próprio, formado num primeiro momento através da prática e da experiência – imaginou o Projeto Gestores.
Com início nessa segunda-feira, dia 15, na bateria de encontros estarão doze alunos de música para aulas, palestras e treinamento na função gerencial que tão poucos têm chance de conhecer em todas as suas facetas. O curso, que seria presencial, será ministrado através de ferramenta de reunião virtual, e tem patrocínio da Petrobras.
“Pedi a colegas das escolas de música do Rio de Janeiro que indicassem alunos interessados em gestão”, explica Ripper. “Estruturei o programa com três fases: as aulas e palestras com profissionais, debate em grupos menores para montar uma programação de quatro concertos e, no futuro, a montagem no nosso Espaço Guiomar Novaes de duas dessas temporadas.”
As aulas, com profissionais da Sala Cecilia Meireles, abarcam desde montagem de agenda e demandas de produção até comunicação e setor técnico. Haverá ainda dois convidados-bônus, vindos de outras instituições de destaque no país: no dia 13 de julho, a produtora Flávia Furtado, do Festival Amazonas de Ópera, fala de Economia da Cultura; e no dia 14, Diomar Silveira, diretor executivo da Filarmônica de Minas Gerais fala sobre administração de salas e orquestras segundo o modelo de organizações sociais. “O gestor tem que se relacionar com vários campos de linguagem e de saberes – da tabela Excel à história das artes”, explica Ripper.
O diretor da sala conta que revisitou a própria trajetória na criação do programa. “Meus primeiros contatos com a gestão de eventos e espaços na música, quase quatro décadas atrás, vieram de convites de Ronaldo Miranda e Edino Krieger. Em 2008, quis um arcabouço teórico e fiz um curso intensivo na França, em busca do conhecimento formal. Lá, tive contato com gestores de espaços consagrados como o Louvre e a Cité de la Musique. E pedi a um grande professor, Xavier Dupuis, que me ajudasse a formar uma biblioteca sobre o assunto. Voltei com uma mala de livros. Agora, quero provocar essa formação por aqui. E o projeto é uma forma de devolver o que me foi dado tão generosamente.”
A capacitação desses gestores e programadores no projeto examina as semelhanças e diferenças entre a administração de instituições públicas e privadas, assim como abre o leque das leis de incentivo à cultura. “São atuações que exigem, eventualmente, posicionamentos e instrumental diferentes, mas é preciso conhecer todas essas rotinas e abordagens”, reforça Ripper.
Além dos alunos selecionados, todos os interessados poderão ter acesso às aulas gravadas no canal de YouTube da Sala Cecília Meireles.
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