Um espetáculo com trechos de ópera, jovens cantores e uma orquestra. Seria algo normal se, durante a pandemia, o conceito de normal não tivesse sido totalmente repensado. Mas a realidade atual não impediu que a Academia do Theatro São Pedro e a Orquestra Jovem do Theatro São Pedro criassem um espetáculo com cenas de conjunto de óperas de Mozart, Rossini e Bernstein.
“Eu disse no primeiro dia aos músicos da orquestra: o nosso meio, nesse momento, é o digital, o eletrônico, mas nosso ofício é artesanal. Não podemos abrir mão de olhar o maestro, ouvir a harmonia, os cantores, de tocar fazendo música de câmara”, explica o maestro Gabriel Rhein-Schirato, que assina a direção musical do espetáculo.
A escolha do repertório seguiu alguns critérios claros. “Foi uma escolha conjunta, feita com o diretor Mauro Wrona, que trouxe uma série de sugestões a partir do time de cantores e das possibilidades técnicas da academia. Também procurei peças que fossem interessantes para a orquestra, sempre tendo em mente usar o máximo possível de artistas. Por isso optamos por cenas de conjunto e, com a orquestra, adotamos um revezamento, para que todos pudessem participar”, diz o maestro.
A escolha recaiu sobre cenas de Don Giovanni, Cosi fan tutte e A flauta mágica, de Mozart; o Gran concertato a 14 voci, de Viaggio a Reims, de Rossini, e o dueto final de Candide, de Leonard Bernstein, Make our garden grow.
Rhein-Schirato explica como foi o processo de gravação e edição.
“Escolhemos o caminho mais arriscado e deu certo. Eu não quis usar o metrônomo com os músicos, mandar a parte e um beat e pronto. Eu quis reger. Gravei então na minha sala de casa a regência. Esse material foi enviado para os dois pianistas, que tocaram as obras a partir dele. Os cantores fizeram, a partir daí, uma primeira experiência. Os chefes de naipe gravaram também a partir do meu gesto. Para as cordas, a questão visual é muito forte, tem a ver com o uso do arco. Só depois a gravação foi para o restante da orquestra. O som mixado da orquestra foi então para os cantores, para que gravassem o áudio definitivo da voz. Então, ocorreu a mixagem do canto junto com o som da orquestra. E a cena, eles gravaram dublando o áudio final.”
O áudio preliminar dos cantores também ajudou na gravação da orquestra. “Uma orquestra de ópera precisa estar com o ouvido ligado no cantor, precisa saber ouvir as vozes”, diz o maestro. “O trabalho foi, o tempo todo, manter uma conexão musical e artística entre todos os envolvidos. Fazer a mesma música, com todos se ouvindo.”
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