Jessye Norman (1945-2019): uma carreira em doze gravações

por Redação CONCERTO 01/10/2019

A notícia da morte da soprano norte-americana Jessye Norman na tarde de segunda-feira, dia 30, comoveu o mundo da música. Dos spirituals às canções de Strauss, passando pela ópera, pelo lied e pelas mélodies, seu legado tem sido celebrado como um dos mais importantes da história do canto lírico – um legado que o Site CONCERTO recupera em uma lista de doze gravações representativas de sua trajetória.

Aida, de Verdi
Jessye Norman cresceu na Geórgia, no sul dos Estados Unidos, nos anos 1950. Seus estudos de música a levaram para Washington e, em 1970, a soprano mudou-se para a Europa, onde começaria de fato a carreira. Aqui, em um registro ao vivo de 1973, ela canta a ária Ritorna Vincitor, da Aida, de Verdi, na Ópera de Paris.

 

O lamento de Dido
O repertório barroco, assim como criações de Mozart, acabaria ganhando mais importância em sua trajetória do que a ópera romântica italiana. Uma de suas marcas registradas nesse universo foi a interpretação do Lamento de Dido na ópera Dido e Enéas, de Purcell, que aqui ela canta com a English Chamber Orchestra.

 

Quatro últimas canções, de Strauss
O repertório alemão foi uma das especialidades da soprano e, nele, Richard Strauss tem papel fundamental. Das óperas, Ariadne auf Naxos talvez seja o registro mais precioso. Mas, no universo das canções, sua gravação com Kurt Masur das Quatro últimas canções é forte candidata a referência incontornável.

 

Sieglinde, em O Anel do nibelungo, de Wagner
Nos anos 1980, Norman participou da montagem da tetralogia O anel do nibelungo, de Wagner, no Metropolitan Opera House, de Nova York. A intensidade de sua interpretação de Sieglinde foi registrada em áudio e vídeo e é testemunho da força dramática de sua presença nos palcos de ópera.

 

Brünhilde, em O anel do nibelungo, de Wagner
Também com Kurt Masur, Norman canta neste vídeo a cena final de O crepúsculo dos deuses, de Wagner, em concerto. O monólogo de Brünhilde é um dos momentos mais exigentes do repertório de soprano dramática – e Norman mostra aqui não apenas a musicalidade, mas a dicção perfeita e a preocupação com o texto.

 

Tristão e Isolda, de Wagner
Jessye Norman nunca interpretou a ópera Tristão e Isolda, de Wagner, completa, no palco ou em gravações. Mas a cena final, a famosa Morte de amor, era uma de suas especialidades na plataforma de concertos – aqui, ela está ao lado do maestro Herbert von Karajan em seu último registro ao vivo antes de sua morte, em 1989.

 

Erwartung, de Schoenberg
Com o tempo, o repertório operístico de Norman foi seguindo um critério bastante pessoal. No palco lírico, um de seus grandes papeis foi Erwartung, monólogo expressionista de Arnold Schoenberg, de quem ela deixou também registros de referência de peças como as Canções de Cabaré. Aqui, com James Levine. 

 

Debussy
O repertório francês também seria uma de suas especialidades. Na ópera, destaca-se sua participação em montagens de Les Troyens, de Berlioz. Como recitalista, Ravel e Debussy foram compositores dos quais manteve-se particularmente próxima. Aqui, ela interpreta as Cinco canções de Debussy acompanhada ao piano por James Levine.

 

Schubert
Difícil escolher, na relação de Norman com o lied, qual a gravação mais marcante ou mesmo com qual compositor ela mais se identificava. Schubert, Schumann, Brahms, Mahler? Mas, se é preciso escolher... Gretchen am Spinnrade, uma das mais dramáticas canções de Schubert, aqui com Phillip Moll ao piano. 

 

Lonely Town
Norman afirmou em uma entrevista que, com o tempo, se deu conta de que não há diferença entre as canções alemãs e francesas e o cancioneiro norte-americano, ao qual dedicou diversos discos. Aqui, ela interpreta Lonely Town, de Leonard Bernstein, acompanhada do pianista John Williams.

 

Norman & Legrand
No início dos anos 2000, a soprano gravou um disco com o pianista e compositor Michel Legrand, I Was Born in Love With You. É um testemunho da versatilidade da cantora, que neste vídeo interpreta a música tema do filme Les Parapluis de Cherbourg, que no Brasil foi lançado como Os guarda-chuvas do amor.

 

Spirituals
Norman dizia não seguir nenhuma religião, mas possuía profunda espiritualidade. Para ela, cantar os spirituals eram uma forma não apenas de evocar esse sentimento, mas também de relembrar a história do povo afro-americano e as suas próprias origens. Nesse campo, foi insuperável. Give me Jesus, em 1990, no Carnegie Hall.

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A soprano norte-americana Jessye Norman (Divulgação)
A soprano norte-americana Jessye Norman (Divulgação)

 

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