Mostra do Cine Humberto Mauro de Belo Horizonte propõe diálogo entre cinema e ópera

por Redação CONCERTO 06/10/2021

O Cine Humberto Mauro, cineclube da Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, promove até o dia 25 a Mostra Cinema e Ópera. Com exibições presenciais e transmissões on-line, a mostra tem curadoria da diretora Julianna Santos e do pesquisador Victor Abdala e integra a Temporada de Ópera 2021 do Palácio das Artes. A programação traz filmes que fazem uso da ópera em sua narrativa, assim como adaptações de obras-chave do gênero.

“Mesmo quem nunca viu ou ouviu uma ópera inteira, quando passa por ela, não é sem afeto que esse encontro se dá. É uma arte que pode reunir em si tantas outras artes e no seu âmago está a própria questão do sensível, daquilo que atinge e expressa as emoções mais profundas e humanas. Desse encontro com tantas outras formas de expressão artística, surge uma influência mútua”, explicam os curadores

“O cinema desde seu berço interage largamente com o gênero. Diversos filmes trazem, de diferentes maneiras e em diversos contextos, o operístico, seja na música, na linguagem ou nas situações. A ópera, assim como outras artes está inserida na história de forma dinâmica e reflete a realidade social de cada momento, seja através desse encontro permanente com outras áreas, ou mesmo da descoberta de novas linguagens, o que se dá não só através de obras contemporâneas, mas também por obras do passado que podem ainda hoje ressoar na vida das pessoas, das mais diversas formas.”

Os curadores ressaltam que filmes como Os Intocáveis, de Brian De Palma, Atração Fatal, de Adryan Line, Um Sonho de Liberdade, de Frank Darabont, e Closer, de Mike Nicholstrazem a ópera "não apenas como trilha sonora, mas como temática para o desenvolvimento da história ou mesmo como um despertar dos sentimentos mais profundos que a conexão com a música é capaz de evocar".

Um dos eixos da mostra traz uma relação entre a ópera e a literatura, abordada a partir de obras bastante diferentes. Entre elas, Madama Butterfly, de Marion Gering, filme de 1932 inspirada na peça de David Belasco, a mesma que serviu de base para a ópera de Puccini; Ich Bin Salome, filmado por Julianna Santos durante a pandemia, relaciona a peça de Oscar Wilde com a ópera de Strauss. E, Carmen, baseada em texto de Prosper Merimée, é apresentada em várias versões, como Carmen, de Carlos Saura; a A tragédia de Carmen, de Peter Brook; Carmen na África, de Mark Dornford-May; e em Transpotting – Sem Limites, de Danny Boyle. 

A relação da ópera com discussões a respeito de representatividade política, social, étnica, de gênero, está e filmes como Ópera dos Três Vinténs, de Weill/Brecht; Lidia de Oxum, de Gil Vicente Tavares, primeira ópera baiana com montagem que homenageia a cultura afro; Três Minutos de Sol, de Leonardo Martinelli, por seu elenco e temática; Oedipus Rex, de Stravinsky, em produção dirigida por Julie Taymor e estrelada por Jessye Norman; e no documentário Aida's brothers and sisters: Black voices in Opera and Concert.

Um dos destaques da mostra é o filme A voz humana, de Pedro Almodóvar, que será apresentada ao lado de montagem de Marcelo Marques da ópera de Poulenc, estrelada pela soprano Eliane Coelho.

A ópera brasileira tem destaque especial. Serão apresentados títulos como Sonho de uma noite de Verão, de Britten, filmada no Parque Lage; Onheama, de João Guilherme Ripper, na versão de teatro de bonecos feita por Fábio Retti e Fabiana Vasconcelos; O corvo, de Eduardo Frigatti; Moto-contínuo, de Piero Schlochauer; Penélope 19, de Armando Lobo; e Na boca do cão, de Gabriela Geluda, adaptação da obra de Sergio Roberto de Oliveira e Geraldo Carneiro.

A mostra também relembra Giuseppe Verdi, com a série televisiva em capítulos Giuseppe Verdi, sua vida e sua obra; e com o documentário Casa Verdi, de Anna Franceschini.

Discussões

A programação inclui ainda uma série de debates. No dia 8, Carmem Gadelha, Flávia Furtado e Ligiana Costa discutem sobre Ópera, cinema e cultura popular; no dia 15, Luiz-Ottavio Faria, Ricardo Apezzato e Sávio Faschét participam da mesa Diversidade, reconhecimento: os trabalhadores e o público da ópera; Angélica de Carvalho, Irineu Franco Perpétuo, João Cachopo e Carolina Faria fazem, no dia 16 , o debate Ópera: arte viva, arte integrada!; e, no dia 17, será a vez de Ópera na pandemia e contemporaneidade, com Eduardo Frigatti, Livia Sabag, William Pereira e Julianna Santos. 

Clique aqui para conhecer a programação completa da mostra.

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Cena de 'Carmen na África', de Mark Dornford-May [Divulgação]
Cena de 'Carmen na África', de Mark Dornford-May [Divulgação]

 

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