Para construir a “ópera do futuro”, documento traz resoluções para promover ações concretas “que nos permitam avançar, conjuntamente, nos desafios que nosso tempo nos impõe”
Realizou-se em Barcelona, entre os dias 6 a 8 de abril, o Terceiro Encontro Ibero-Americano de Teatros. O evento reuniu teatros, temporadas, festivais de ópera e organizações ligadas à cultura da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Costa Rica, México e Uruguai – representados pela Ópera Latinoamérica – e instituições da Espanha – representadas pela Ópera XXI. A delegação brasileira foi composta, em ordem alfabética, por Andrea Caruso Saturnino (diretora geral do Theatro Municipal de São Paulo), Flávia Furtado (diretora executiva do Festival Amazonas de Ópera), Marcos Apolo Muniz (secretário de Cultura do Estado do Amazonas), Paulo Abrão Esper (diretor da Cia Ópera São Paulo) e Tamoio Marcondes (presidente da Funarte). O fórum estabeleceu linhas de trabalho para o contexto de profundas mudanças que o mundo atravessa, como em questões geopolíticas, humanitárias, sociais, ambientais, tecnológicas e culturais.
“O patrimônio, as artes e a cultura – e nesse contexto, música e ópera – são agentes que podem promover a reflexão e o pensamento crítico, a criatividade e a liberdade, a diversidade e a inclusão, a solidariedade e a coesão social. Para concretizar esse papel, é essencial conectar-se e ser relevante para o público e os cidadãos em geral. Sabemos que, se quisermos conectar a arte com as pessoas, temos que nos comprometer com a humanidade e, intransigentemente, recuperar um contexto social democrático que garanta os direitos fundamentais de todos os indivíduos, e que resguarde a paz e a vida”, afirma o documento divulgado pelo evento.
Na oportunidade, foi decidido que o Teatro Amazonas, em Manaus, sediará o próximo Encontro Ibero-Americano de Teatros, em 2023. No mesmo ano, a capital de Amazonas receberá também, pela primeira vez no Brasil, a Assembleia Geral da Ópera Latinoamérica (OLA).
Leia abaixo as principais resoluções do Terceiro Encontro, divulgadas na “Declaração de Barcelona”:
Vivemos dias que colocam sobre a mesa a importância de pensar a gestão de teatros e festivais de forma integral, mais conectada com as pessoas e com o meio ambiente. Nesse sentido, as organizações ibero-americanas que fizeram parte desta reunião comprometeram-se a promover ações concretas que nos permitam avançar, conjuntamente, nos desafios que nosso tempo nos impõe. Abaixo detalhamos nossos compromissos:
- Desenvolver um programa de formação ibero-americana para profissionais ligados à gestão cultural, incluindo reuniões anuais, diálogos e residências itinerantes, que se juntem às iniciativas de formação artística e técnica já existentes.
- Encomendar novas obras líricas criadas por artistas de diferentes países ibero-americanos e coproduzidas por dois ou mais teatros da Península Ibérica e da América Latina, a fim de se conectar com o público de nossos territórios a partir de propostas artísticas que emanam da conjunção de nossas culturas, identidades e histórias.
- Resgatar e promover a herança musical e lírica ibero-americana por meio da pesquisa, comunicação e programação do mesmo em nossas organizações, a fim de enriquecer a oferta musical, de ópera e zarzuela para o nosso público e com o objetivo de fazer o repertório criado na comunidade ibero-americana dialogar com o grande repertório e criações contemporâneas de outras latitudes.
- Incorporar na produção e coprodução de espetáculos o eco-conceito, ou seja, considerar o impacto social, a biodiversidade e a emissão de carbono da atividade cênica, promovendo a seleção e políticas de reaproveitamento de materiais, entre outras iniciativas.
- Construir um catálogo de produções líricas ibero-americanas, para promover a cooperação entre os teatros, a circulação de obras por meio de intercâmbios.
- Conscientizar sobre o papel social que a música e as óperas têm na construção e coesão de nossas comunidades por meio de uma campanha de comunicação ibero-americana ou global, a fim de comprometer o apoio dos Estados e agregar empresas e filantropos aos projetos culturais e sociais dos teatros e temporadas líricas.
- Estabelecer um comitê de trabalho para promover e acompanhar as ações acordadas no Terceiro Encontro Ibero-Americano de Teatros.
Assim, esses desafios devem ser trabalhados, como vimos nas palestras do Terceiro Encontro Ibero-Americano de Teatros, com o comprometimento das equipes de trabalho de nossos teatros, temporadas, festivais e organizações, porque apenas na medida em que toda a organização está comprometida com o propósito dela, será possível avançar nas estratégias para construir a ópera do futuro.
Barcelona, 8 de abril de 2022
Leia também
Opinião Anitta e o mundo em que vivemos, por Nelson Rubens Kunze
Notícias Óperas inspiradas em Plínio Marcos estreiam no Theatro Municipal de São Paulo
Notícias Mexicanos vencem o 20º Concurso Canto Maria Callas
Notícias Theatro Municipal do Rio de Janeiro anuncia temporada 2022
É preciso estar logado para comentar. Clique aqui para fazer seu login gratuito.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da Revista CONCERTO.