Morreu na madrugada deste domingo, dia 4 de outubro, o pesquisador e escritor Zuza Homem de Mello, figura central da música brasileira dos últimos 60 anos. Zuza, que estava ativo e que há pouco terminara uma biografia sobre João Gilberto, sofreu um infarto enquanto dormia. Nascido em 1933, Zuza tinha 87 anos e deixa viúva sua mulher, Ercilia Lobo.
Desde cedo Zuza demonstrou interesse pelo jazz, tendo atuado como baixista na juventude. Nos anos de 1957 e 1958 residiu nos Estados Unidos, onde realizou estudos na School of Jazz, em Tanglewood e na Juilliard School de Nova York.
A partir de 1959 inicia uma carreira sem precedentes como jornalista, produtor, pesquisador e escritor dedicado ao jazz e à música brasileira. Trabalhou entre outras emissoras na TV Record, na Rádio Jovem Pan e na TV Cultura, e escreveu em jornais como O Estado de S. Paulo. Como jornalista, acompanhou os principais festivais de música do mundo, como Montreux, Edimburgo, Nova York, New Orleans, Tóquio e Montreal, entre outros. Zuza também participou da direção dos dois Festivais de Jazz de São Paulo, em 1978 e 1980, e foi curador do Free Jazz Festival desde sua primeira edição, em 1985.
Entre os vários livros que publicou ao longo de sua vida – desde 2018 Zuza também era membro da Academia Paulista de Letras – destacam-se “Música popular brasileira cantada e contada” (1976), “A Era dos Festivais” (Editora 34, 2003), “Eis aqui os bossa nova” (WMF Martins Fontes, 2008) e “Música com Z” (Editora 34, 2014). Seu último livro foi lançado pela Editora 34 e Edições Sesc em 2017, “Copacabana: a trajetória do samba-canção”. [Clique aqui para conhecer os livros de Zuza Homem de Mello disponíveis na Loja CLÁSSICOS.]
Zuza, que adorava encontrar os conhecidos, também cultivava a amizade com os artistas e músicos. Ele era membro do Conselho Consultivo do Festival de Vermelhos, da Ilhabela, onde acompanhava e apresentava, sempre com grande disposição e humor, os espetáculos de música popular.
Em sua página do Facebook, o pianista e compositor André Mehmari escreveu: “Sem chão com a partida do insubstituível Zuza Homem de Melo. Único conforto é saber que ele se foi dormindo, mas eu sei que na sua mente brilhante ainda brotavam centenas de sonhos e projetos... [...] Tem que morrer pra germinar, disse outro grande mestre numa linda canção. Que a paixão de Zuza possa germinar e florescer na alma de cada um de nós tocados por ela. Obrigado Zuza. Você estará sempre conosco”.
De alto astral e sempre com um sorriso no rosto, Zuza também era próximo e amigo da Revista CONCERTO. Conhecedor e apreciador da música clássica, era comum encontrá-lo em concertos da cidade.
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Coluna Adeus a Zuza Homem de Mello, por Irineu Franco Perpetuo
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