Tradicional evento na Chapada Diamantina, na Bahia, Festival de Jazz do Capão já realizou 7 edições com artistas como Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Naná Vasconcelos, Ivan Lins, João Bosco, Dori Caymmi, Egberto Gismonti, entre outros
Ganhou as notícias de jornais nos últimos dias o parecer técnico elaborado pela Funarte para negar o enquadramento do Festival de Jazz do Capão na Lei de Incentivo Fiscal, a Lei Rouanet. O parecer abre com uma citação que é atribuída a Bach: “O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma”.
Com frases como “por inspiração no canto gregoriano, a Música pode ser vista como uma Arte Divina, onde as vozes em união se direcionam à Deus” e após reproduzir o texto de Schiller da Nona sinfonia do Beethoven (em alemão e em português), o parecer afirma: “[...] a busca pela chancela do Ministério do Turismo se destinava a execução de um projeto da área de Música, cuja linguagem se representa por meio da ‘combinação de vários sons e ritmos seguindo uma pré-organização ao longo do tempo’. No entanto, a ocorrência constatada escapa ao escopo das possíveis denominações do conceito de Música”.
Assinado pelo parecerista Ronaldo D. Gomes, funcionário da Funarte há 10 anos e que acabou exonerado do cargo, e pelo diretor executivo Marcelo Nery Costa, a “ocorrência constatada” a que se refere o parecer é um post que posiciona o festival como anti-fascista e pela democracia, que foi publicado pelo Festival de Jazz do Capão nas redes sociais há mais de um ano. O parecer da Funarte, redigido em um português empolado e pretensamente erudito, ainda reproduz um trecho de “A república”, de Platão, para concluir que a proposta do festival configuraria “desvio de objeto, risco à malversação do recurso público incentivado com propositura de indevido uso do mesmo”.
Em entrevista publicada hoje no jornal “O Globo”, o diretor executivo da Funarte Marcelo Nery Costa, que foi nomeado para o cargo há pouco mais de 60 dias pelo general Luiz Eduardo Ramos e é um dos signatários do parecer, admite que não lê tudo que assina e agora critica o parecer: “Não concordo. [...] É difícil explicar isso porque eu também assinei. E parece que estou de acordo com o parecer. Mas posso estar de acordo, como posso também não estar de acordo. É complicado explicar”. Indagado se um post de Facebook seria algo a ser analisado normalmente dentro de um parecer, Nery Costa respondeu: “Por nós, não. Já disse isso: não temos abordagem ideológica de achar que artista é isso ou aquilo. O que nós temos é um tremendo problema com algumas centenas de projetos acumulados. E já pegamos a Funarte assim. Temos que resolver isso para atender a demanda da sociedade dentro dos parâmetros da lei. Afinal, tem coisa que pode e tem coisa que não pode. Mas a lei não entra no ponto de ir para o lado direito ou esquerdo”. Clique aqui para ler a matéria completa de O Globo.
Clique aqui para conhecer mais sobre o Festival de Jazz do Capão.
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Comentários
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Isso é um absurdo! Esse…
Isso é um absurdo! Esse festival acontece no interior da Bahia, é sério, música brasileira de qualidade, é tudo o que a gente quer. Como pode a Funarte negar a Lei Rouanet? Incompreensível...