O cravista iraniano Mahan Esfahani faz quatro apresentações esta semana na Sala São Paulo. Ao lado da Osesp, ele apresenta o Concerto de Frank Martin nos dias 5, 6 e 7; e, no dia 8, faz recital dedicado à obra de Bach.
O programa inclui ainda o Concerto de Brandemburgo nº 5 BWV 1050, de Bach, com a participação do violinista Emmanuele Baldini e da flautista Claudia Nascimento, e a Sinfonia nº 3 de Sibelius.
Esfahani falou à Revista CONCERTO, em entrevista publicada na edição de maio. Nela, explicou a Irineu Franco Perpetuo a escolha da obra de Martin.
Você não vai me ver mais entusiasmado com uma obra que com o Concerto de Frank Martin
“Frank Martin, para mim, é um pináculo. Você sabe que ele era um homem muito religioso, assim como Bach. Para mim, a música brilha com essa devoção religiosa extrema. Claro que isso não quer dizer que é uma obra a respeito de religião; não é, em absoluto. Mas há uma intensidade nessa visão de Frank Martin enquanto compositor. No entanto, o que posso eu dizer que a música não exprimiria por si mesma? É muito intrincada, sua estrutura é o que eu chamaria de microconstrução, se é que isso faz algum sentido. Ele usa técnica dodecafônica, usa técnica tonal, usa técnica pós-tonal, cada partezinha deste museu entra em sua música. Você não vai me ver mais entusiasmado com uma obra que com o Concerto de Frank Martin.”
O cravista está atualmente gravando a integral de Bach, mas não se identifica com o movimento de música antiga e encomenda sistematicamente obras a compositores contemporâneos.
“Há um repertório novo imenso para cravo, isso não tem nada de peculiar. Os compositores são superiores a nós. Sejamos honestos. Como músicos, as pessoas mais inteligentes da classe sempre são os compositores. Eles veem a música de um jeito que ninguém mais consegue ver. O que é melhor que passar tempo com os caras inteligentes? Nós, músicos, nós, instrumentistas, somos os caras burros. Os compositores são os inteligentes”, diz.
Veja mais detalhes sobre as apresentações de Mahan Esfahani em São Paulo
Leia também
Revista CONCERTO Cravo moderno, por Irineu Franco Perpetuo
Notícias #CulturaEmCasa vai transmitir produções do Festival Amazonas de Ópera
Crítica Quando a palavra intérprete não é suficiente, por Jorge Coli
Opinião “Quão tóxico é o repertório de ópera?”, por Nelson Rubens Kunze
Entrevista Aos 20 anos, uma nova voz no piano brasileiro, por Camila Fresca
Opinião O gosto (e o risco) da liberdade, por João Marcos Coelho
![Mahan Esfahani [Divulgação/Kaja Smith]](/sites/default/files/inline-images/w-ii6-mahan-esfahani-8-c-kaja-smith-2.jpg)
É preciso estar logado para comentar. Clique aqui para fazer seu login gratuito.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da Revista CONCERTO.
Fui assistir a esse concerto…
Fui assistir a esse concerto, no dia 5, justamente porque, para mim, foi uma novidade saber que se compunha para cravo no séc. XX. E ouvir a música foi ainda mais gratamente surpreendente. Aplausos especiais para a Cláudia Nascimento, no concerto de Brandenburgo. A apresentação foi sublime. Foi maravilhosa. Bravíssima! Uma coisa que eu gostaria de saber é: por qual razão foram utilizados dois cravos diferentes, um para o concerto de Frank Martin e outro para a música de Bach?
Prezado Marcio, obrigado…
Prezado Marcio, obrigado pela mensagem.
Os cravos são diferentes. O primeiro é um cravo “moderno”, com tecnologia de hoje, que inclui também pedais para alterar os registros. Assim, por exemplo, você tem mais recursos de dinâmica (tocar com volume alto ou baixo) do que com o instrumento histórico. O outro é uma cópia de um instrumento do século XVIII, apropriado para a interpretação da música barroca.
A Osesp fez um vídeo com uma entrevista com Mahan Esfahani em que ele fala disso. Acesse esse link do YouTube a partir de 8’10” => https://www.youtube.com/watch?v=NNMUkMC3jEc
Saudações
Muito obrigado pela…
Muito obrigado pela explicação sobre a diferença dos cravos utilizados nos concertos!