Morre, aos 92 anos, o pianista Leon Fleisher

por Redação CONCERTO 03/08/2020

Morreu no domingo, aos 92 anos, o pianista, professor e maestro norte-americano Leon Fleisher, dono de uma trajetória ímpar no cenário do piano no século XX.

Nascido em São Francisco, Fleisher começou a estudar piano com quatro anos, acompanhado de perto pela mãe. Em entrevista ao New York Times, ele contou certa vez ter ouvido dela: você será o primeiro presidente americano judeu ou um concertista. 

Fleisher optou pelo segundo caminho. E os resultados não demoraram a chegar. Aos 9 anos, foi aceito como aluno de Arthur Schnabel e, em 1944, com 15 anos, fez sua estreia com a Sinfônica de São Francisco e a Filarmônica de Nova York, interpretando o Concerto para piano nº 1 de Brahms, sob regência de Pierre Monteux. 

No ano seguinte, estreou com a Sinfônica de Chicago e o maestro Leonard Bernstein. Em 1952, foi o primeiro americano a vencer o Concurso Rainha Elizabeth, na Bélgica.

 

Vieram em seguida gravações até hoje tidas como referência do repertório vienense, co peças de Mozart, Beethoven e em especial Schubert. 

No início dos anos 1960, no entanto, ele começou a sentir dificuldade nos reflexos de sua mão direita – mais tarde, ele seria diagnosticado com distonia focal, problema que ele atribuiria ao excesso nos estudos, com oito ou nove horas por dia ao piano.

Fleisher voltou-se então à atividade como professor, passando a integrar a equipe do Peabody Conservatory. Havia resolvido não voltar aos palcos. Mas em 1965, aceitou convite do maestro Seiji Ozawa para um concerto em Boston com obras escritas para a mãe esquerda, como o concerto de Ravel. 

 

Com a apresentação, Fleisher inaugurou uma nova fase de sua carreira. Além de seguir tocando, criou o Theather Chamber Players, grupo dedicado ao repertório clássico e contemporâneo. Começou a atuar como maestro, assumiu a Orquestra Sinfônica de Anápolis e, em seguida, passou a ocupar o posto de regente associado da Sinfônica de Baltimore. Nos anos seguintes, regeria as principais orquestras americanas.

Uma combinação de tratamentos fez com que, a partir dos anos 1990, Fleisher voltasse a tocar gradualmente o repertório tradicional, além do específico para a mão esquerda. Chegou a gravar dois discos, em 2004 e 2006. Em 2012, esteve no Brasil, apresentando-se como solista da Filarmônica de Minas Gerais em concertos em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, sob regência do maestro Fabio Mechetti.

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Leon Fleisher [Divulgação]
Leon Fleisher [Divulgação]

 

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Uma tristeza, que Leon Fleischer falecesse aos 92. Acompanhei a longa trajetória pianística de Fleicher, que deixa um legado de grandes obras. RIP.

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