Aos 19 e 20 anos, Luiz Fernando Venturelli e Marina Martins solam neste mês com orquestras brasileiras
Neste mês, dois jovens músicos brasileiros que estudam no exterior solam o Concerto para violoncelo de Dvorák com orquestras locais: Luiz Fernando Venturelli e Marina Martins. Em comum, eles também têm a idade – 19 e 20 anos, respectivamente, e o fato de que ambos venceram o Concurso Jovens Solistas da Osesp. A tradicional premiação, criada na década de 1940 por iniciativa do maestro Eleazar de Carvalho e promovida inicialmente pela Orquestra Sinfônica Brasileira, foi retomada pela Osesp em 2017.
Luiz Fernando Venturelli nasceu numa família envolvida com música. Seu pai, Edmilson Venturelli, e seu tio, o maestro Edilson Venturelli, são dirigentes do Instituto Baccarelli. Foi lá que, aos 8 anos de idade, ele teve as primeiras aulas de violoncelo, após se iniciar no piano em casa e ter aulas de violão e coral.
O artista conta que sempre foi apaixonado por música, “mas os maiores fatores que me estimularam a seguir uma carreira foram o incentivo de meus pais e o conforto e a sensação de realização que senti quando subi ao palco pela primeira vez com o violoncelo, aos 9 anos de idade”. Ele fez toda a formação inicial no Brasil – além de estar no Baccarelli, teve aulas com os violoncelistas Fábio Presgrave, Eduardo Belo e André Micheletti.
Premiado em diversos concursos nacionais, a oportunidade para estudar no exterior veio quando participou do festival Meadowmount, em Nova York, e conheceu o violoncelista Hans Jensen. Foi incentivado a prestar concurso na Universidade Northwestern em Chicago, onde Jensen dá aulas, e foi aprovado aos 17 anos, com bolsa integral. Atualmente cursa o segundo ano de performance em violoncelo – e seu gosto musical é eclético, já tendo liderado uma banda de rock e tocado com diversos artistas populares no Brasil.
Ter a oportunidade de estudar no exterior e conhecer outros ambientes musicais tem sido fundamental em sua formação, diz Luiz Fernando. “Várias das pessoas nas escolas dos Estados Unidos e da Europa são jovens com carreiras em nível mundial, e a convivência com essas pessoa ensina muito”, afirma.
Aos 20 anos de idade, Marina Martins já possui larga bagagem internacional. Começou estudando violoncelo aos 3 anos de idade com o método Suzuki na Nova Zelândia, onde nasceu, porque era lá que seus pais trabalhavam. Mudou-se para o Brasil com 5 anos de idade – aqui, foi igualmente aluna de André Micheletti. Já dos 8 aos 11, estudou nos Estados Unidos e, em seguida, na Inglaterra. “A grande virada para mim foi quando, aos 14 anos, participei de um festival de música de câmara na Bélgica, o Musica Mundi”, revela. A intensidade das aulas e dos ensaios e o alto nível dos alunos e dos professores – com nomes como Maxim Vengerov, Ivry Gitlis e Misha Maisky – deram à jovem instrumentista a certeza de que aquele era o caminho a seguir.
Marina ganhou prêmios em concursos e festivais internacionais e vive na Alemanha, onde estuda na Robert Schumann Hochschule, em Düsseldorf, sob orientação do violoncelista Pieter Wispelwey. Ela estreou como solista em 2015 tocando as Variações sobre um tema rococó de Tchaikovsky com The Brunel Sinfonia, em Bristol, na Inglaterra.
Luiz Fernando, que venceu o concurso Jovens Solistas em 2017, acredita que “o concerto de Dvorák é uma obra completa. Embora seja uma peça com solista, a orquestra está extremamente envolvida e é importante em termos musicais, viaja entre passagens líricas reflexivas, passagens virtuosas e passagens explosivas”. Ele toca a obra com a Camerata Sesi de Vitória e com a Orquestra Sinfônica de Campinas.
Já Marina conquistou a última edição do concurso da Osesp, em 2018, e interpreta o concerto de Dvorák nos dias 25 e 28, com Isaac Karabtchevsky na regência. “É quase uma sinfonia com solo de violoncelo”, explica. “Além das melodias lindas e das partes explosivas e excitantes do concerto, gosto muito das conversas que o violoncelo tem na obra com certos instrumentos como o clarinete, o violino e a flauta.”
A expectativa de ambos quanto ao futuro é parecida. “Meu maior sonho é me tornar solista e também poder dar aulas”, afirma Luiz Fernando. Já Marina busca se tornar “uma artista completa e respeitada”: “Meu sonho para um futuro mais no longo prazo, depois que minha formação e minha carreira estiverem encaminhadas, é montar uma escola de excelência no ensino de cordas em São Paulo”.