HAYDN: BARYTON TRIOS
Treasures from the Esterháza Palace
Valencia Baryton Project
Lançamento Naxos. Importado.
R$ 72,30
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O baryton é um instrumento de cordas da família da viola da gamba. Seu tamanho é similar ao do violoncelo, mas o diferencial está no número de cordas: o baryton tem um conjunto extra de cordas (de 9 a 14) que podem ser tocadas diretamente ou vibrar quando as demais são executadas, criando interessantes contrastes sonoros. Foi muito utilizado no século XVIII. E é para lá que essa gravação nos leva, mais especificamente ao Palácio Esterházy. O príncipe Nicolaus tinha predileção pela sonoridade do instrumento. E, por isso, Haydn escreveu um conjunto importante de obras dedicadas a ele. E parte delas ganha nova vida pela interpretação do Valencia Baryton Project, formado por jovens músicos que integram a orquestra do Palau de las Artes, em Valência, e a Orquestra Nacional de Montepellier. O conjunto tem como base a viola, o baryton e o violoncelo – para essa formação, Haydn escreveu várias obras, como os seis trios que compõem o álbum. Nessa volta ao passado, o grupo alcança um resultado raro: evocar um instrumento e uma sonoridade pouco familiares e, ao mesmo tempo, soar moderno.
THE MAD LOVER
Théotime Langlois de Swarte – violino
Thomas Dunford – alaúde
Lançamento Harmonia Mundi.
Importado. R$ 152,80
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O francês Théotime Langlois de Swarte está em um momento de ascensão na carreira: depois de vencer o prêmio Victoires de la Musique Classique, vai gravar, em 2022, os concertos de Haydn com o maestro William Christie. O mesmo vale para seu conterrâneo, Thomas Dunford, que já traz no currículo colaborações com artistas como Philippe Herreweghe, Anne Sofie von Otter, Trevor Pinnock e o próprio Christie. E eles têm mais em comum: a paixão pela música barroca, da qual nasce este álbum com um recorte interessante. Eles retomam o conceito de melancolia no século XVII, cuja definição nos fala de estados de consciência extremados, de excessos. Nesse contexto, o sentimento amoroso torna-se personagem central. E o que Langlois de Swarte e Dunford fazem é criar o fictício amante do título do álbum, que ganha forma por meio da união entre trechos de obras de diferentes autores do período, como Purcell, Matteis e Eccles. Um amante fictício, sim, mas que se torna profundamente real pela interpretação dos músicos, no início de carreiras que se desenham brilhantes.
MOZART: GRAN PARTITA
Akademie für alte Musik Berlin
Lançamento Harmonia Mundi.
Importado. R$ 152,80
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Durante o século XVIII, a produção musical estava bastante associada à nobreza, com obras compostas para diferentes contextos da vida nos palácios. Um dos gêneros frequentes então era a Harmoniemusik: pequenos grupos de sopros chamados de Harmonien ofereciam entretenimento durante banquetes e outras festividades. Haydn – mais tarde, também Beethoven e Schubert – escreveu peças do gênero. Mas, nesse universo, poucas obras atingiram a maestria da Serenata nº 11, de Mozart, batizada depois de Gran partita. Ela tem cerca de cinquenta minutos de duração e emprega 13 instrumentos, cinco a mais do que era costume. Isso permite ao compositor explorar de maneira muita rica timbres e sonoridades. Não por acaso, a peça é uma de suas mais célebres e foi gravadas dezenas de vezes ao longo do século XX. O que os músicos da Akademie für alte Musik Berlin fazem, no entanto, é uma versão que precisa ser ouvida. Especialistas nesse repertório, referência mundial na música dos séculos XVII e XVIII, os artistas demonstram familiaridade sem precedentes com a peça, assim como com a Serenata nº 10, que também compõe o disco.
PALMGREN: PIANO WORKS V. 1
Jouni Somero – piano
Lançamento Grand Piano. Importado. R$ 127,40
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O compositor finlandês Selim Palmgren (1878-1951) teve atuação prolífica e, na passagem do século XIX para o XX, foi um dos símbolos da música nórdica. Aluno de Ferruccio Busoni, construiu enorme reputação como autor de obras para piano, comparadas por diversos autores às criações de Grieg para o instrumento. Então talvez não tenha sido por acaso o pianista Jouni Somero, que já gravou a obra de Busoni e de Grieg, embarcar no projeto de registro da produção pianística de Palmgren. O primeiro volume acaba de ser lançado e serve de bela introdução ao universo repleto de facetas do compositor, que até agora não tinha muitas de suas peças editadas. Sua Sonata, por exemplo, evoca a obra de Chopin, recriado por um estilo bastante pessoal. E destoa, do ponto de vista de inspiração e caráter, de Prólogo de outono, de tom mais escuro e dramático. As duas obras estão no disco, ao lado de outras peças de igual inventividade, como Tuutulaulu e Canções finlandesas. O disco, assim, é mais uma prova de que há ainda, no repertório, diversas obras e autores à espera de redescoberta e reconhecimento. Palmgren é um deles – e a coleção agora iniciada mostra-se à altura do desafio de levar sua criação a novos públicos.
STRAVINSKY: BALLETS RUSSES
Les Siècles
François-Xavier Roth – regente
Lançamento Harmonia Mundi. Importado. Caixa com 2 CDs. R$ 192,00
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A Paris do início do século XX foi um dos centros mais fascinantes da história da arte. Em todos os gêneros artísticos, a inovação e a investigação eram constantes. Havia um senso de otimismo vindo da relativa estabilidade política e econômica – e, nas artes, isso significou uma maior abertura com relação ao novo. E, na música e na dança, um dos motores desse processo foi a presença do empresário russo Serguei Diaguilev e sua companhia Ballets Russes. Encomendando coreografias e composições, ele abriu espaço para que obras revolucionárias ganhassem vida. Foi o caso dos balés escritos, então, por Stravinsky: O pássaro de fogo, Petrushka e A sagração da primavera. Nas três obras, o compositor reinventa o uso da orquestra, estabelecendo um novo paradigma na sequência do pós-romantismo. E elas ganham leitura fascinante da orquestra Les Siècles, dirigida por François-Xavier Roth, que tem rapidamente se tornado referência no cenário da regência internacional, já tendo comandado grupos como a Filarmônica de Berlim e as principais orquestras londrinas e francesas. O Les Siècles, por sua vez, criado por Roth, é especializado em interpretações de época e, aqui, estende o conceito para as obras de Stravinsky, utilizando instrumentos do início do século XX. Uma nova sonoridade se impõe, somando-se à leitura de Roth e fazendo dessa gravação um dos marcos das homenagens pelos 50 anos de morte do compositor.
COLEÇÃO MIGNONE: V. 13
Orquestra Sinfônica Nacional
Francisco Mignone – regente
Sergio Varella Cid – piano
Lançamento independente. Nacional. R$ 40,50
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Dizer que a coleção Francisco Mignone traz preciosidades da história da música brasileira já não é mais novidade. São, até agora, 15 os volumes da série, levada adiante pela pianista e viúva do compositor, Maria Josephina Mignone. A cada um deles, tendo o próprio Mignone como intérprete, as gravações iluminam o modo como o autor via e entendia sua obra. Ainda assim, os itens da coleção não param de surpreender o ouvinte. Depois de diversos volumes dedicados ao piano e a algumas peças orquestrais, o 13o, agora lançado, traz Mignone comandando a Orquestra Sinfônica Nacional na interpretação de uma de suas obras mais importantes: o balé Maracatu de Chico Rei. Maracatu é peça ambiciosa, que une orquestra e coro ao narrar a história de Chico Rei, rei africano que é preso e enviado ao Brasil como escravo – e que, aqui, consegue alforriar cada um dos membros de sua tribo, usando o ouro das minas em que era obrigado a trabalhar. É um registro histórico do talento de Mignone como orquestrador, colorindo a música a partir de diferentes influências. O álbum traz, ainda, leituras do pianista português Sergio Varella Cid para Seis prelúdios e Sonata de Mignone, registrados em 1956 e há muito fora de catálogo.
Livro
CONHECENDO A ORQUESTRA: OS INSTRUMENTOS
De Marcos Arakaki
Edição do autor. 48 páginas. R$ 34,90.
Desconto de 10% para assinantes.
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Em 2019, o maestro Marcos Arakaki estreou no mundo das letras com o lançamento do livro A história da música clássica através da linha do tempo. Em formato arrojado, a obra ia se abrindo à medida em que o autor articulava os mais marcantes aspectos da evolução da história da música, seus principais períodos e compositores, sempre em diálogo com uma linha do tempo na qual apareciam os acontecimentos fundamentais da história da humanidade. Um ano depois, durante a pandemia, Arakaki, que foi regente assistente na Filarmônica de Minas Gerais durante nove temporadas e é hoje professor da Universidade Federal da Paraíba, começou a trabalhar em um novo projeto. Desta vez, elegeu como público-alvo as crianças. Foi assim que nasceu Conhecendo a orquestra: os instrumentos. No livro, cada família de instrumentos é apresentada em histórias que aguçam a curiosidade e inserem a criança no fascinante universo da música clássica. Arakaki, que, como regente, conquistou enorme experiência em concertos didáticos, assina o texto. E a ilustrações são da artista paraibana Amanda Melo Massa, cujo trabalho foi acompanhado de perto pelo maestro, como explicou em uma entrevista ao jornal O Estado de Minas: “Uma coisa que o livro infantil costuma ter de complicado são os desenhos, que não seguem a exatidão dos instrumentos. Às vezes, faltam cordas, por exemplo. Fui muito criterioso. A cada versão que recebia, mandava para um músico profissional para que conferisse se estava absolutamente perfeito”. Como no caso de seu primeiro livro, a edição é do próprio maestro. Mas as semelhanças não param por aí. Ainda que os públicos a que as obras se destinam sejam diferentes, ambas revelam preocupações similares: o cuidado com a informação, o olhar sempre didático e a clareza na escrita. São características, afinal, fundamentais para que os leitores sintam-se à vontade na descoberta ou na busca de conhecimento sobre o mundo da música clássica e da ópera.