Uma iguaria teatral-musical entra em cartaz no dia 8 no National Theater of Great Britan, em Londres, e o elenco inclui o primeiro brasileiro a atuar num dos mais importantes palcos ingleses. O barítono Paulo Szot assumiu um dos papeis principais do último musical de Stephen Sondheim (1930-2021), Here we are. Montado em Nova York em 2023, o musical baseado em dois filmes de Luis Buñuel chega agora à Europa, com temporada até 28 de junho.
“O convite foi uma surpresa”, conta Szot, em chamada de vídeo antes da estreia. “Eu estava em Paris, fazendo Così fan tutte, e aceitei com um prazer enorme.” O elenco tem estrelas do teatro e da TV, algumas muito conhecidas dos espectadores de séries, como Martha Plimpton (The good wife, Grey’s anatomy) e Dennis O’Hare (Big little lies, True blood). A direção é de Joe Mantello, ele também um ator familiar a quem acompanha filmes e séries americanos.
A peça tem desafios que vão além da performance musical. “Ficamos em cena o tempo todo; a trama, embora se baseie no surrealismo buñueliano, foge do caricato, da farsa”, adianta ele. São dois atos e cada um referencia um filme do espanhol (O discreto charme da burguesia, de 1972, e O anjo exterminador, de 1962(.
“No primeiro ato, um grupo da alta burguesia novaiorquina tenta comer em diversos restaurantes e não consegue, sendo atrapalhados por acontecimentos estranhos. No segundo, estão na casa de um deles, justamente o meu personagem, o embaixador de um país fictício chamado Moranda, e não conseguem deixar a sala.”
O tal embaixador é um mulherengo e os tais burgueses se revelam criminosos, drug lords. “Compus o Rafael Santello di Santicci meio como um mafioso, misturando sotaques mediterrâneos e meu português”, conta.
Szot vê o plot do espetáculo como uma metáfora amarga dos dias de hoje – “gente que busca o tempo todo alguma coisa e fica infeliz, e emparedado”. Depois de dois anos e meio no musical &Juliet, na Broadway, revezando com os compromissos do mundo lírico, ele enfrenta em Here we are uma carga muito mais intensa de drama falado. “Frio na barriga, sim; o cantor de ópera entra em cena seguro da sua voz. O ator nem sempre. É muito diferença.”
Depois da temporada londrina, Szot vai a Saint Louis para outro musical, dessa vez de Andrew Lloyd Weber, Evita. Vai estar em São Paulo para suas performances com a Osesp em agosto para a Missa Nelson, de Haydn, e Pulcinella, de Stravinslky; e, em dezembro, no Theatro Municipal, para a Missa, de Bernstein.
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![Martha Plimpton e Paulo Szot durante os ensaios da produção [Divulgação]](/sites/default/files/inline-images/w-Here%20We%20Are%20-%20Rehearsals%20-%202025%20%20-%20Plimpton%20Szot.jpg)
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