Filarmônica de Minas Gerais anuncia temporada 2024 com atenção à ópera e homenagens

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais lançou na noite de ontem, terça-feira, sua temporada 2024. Ao todo, o o grupo fará 46 concertos divididos em 26 programas diferentes, dentro das tradicionais séries Allegro, Vivace, Presto, Veloce e Fora de Série. A orquestra também vai intensificar a agenda de concertos no interior do estado. 

Segundo o diretor artístico e regente titular Fabio Mechetti, o objetivo da programação é “consolidar as atividades desenvolvidas internamente, apresentar concertos de excelência na Sala Minas Gerais, valorizar nossos músicos e levar música a pessoas que não podem comparecer à nossa sede, viajando pelo estado de Minas Gerais”.  

A temporada vai celebrar os aniversários de compositores como Marisa Rezende, Duke Ellington, Francis Poulenc, Arnold Schoenberg, Richard Strauss, Gabriel Fauré, Ferrucio Busoni, Anton Bruckner e Gustav Holst, entre outro, com especia atenção à ópera.

Em entrevista a Camila Fresca, publicada na edição de outubro da Revista CONCERTO, Mechetti observa que, se há um fio temático na temporada, ele tem a ver com a música sinfônica abordando a ópera, nos concertos Fora de Série. De fato, os seis concertos desse ciclo estão ligados ao universo lírico: em março, José Soares rege aberturas, prelúdios e trechos sinfônicos de Mozart, Beethoven e Wagner, entre outros; na mesma linha seguem os concertos de junho e outubro, que contarão com as regentes convidadas Simone Menezes e Mariana Menezes, respectivamente.

Já Mechetti rege os outros três programas da série: em maio, com a participação do baixo-barítono Lício Bruno; em setembro, com obras dos brasileiros José Maurício Nunes Garcia, Alberto Nepomuceno e João Guilherme Ripper, entre outros; e, em novembro, uma grande gala lírica reúne Gabriella Pace (soprano), Ana Lucia Benedetti (mezzo soprano), Giovanni Tristacci (tenor) e Hernán Iturralde (baixo-barítono) para árias e duetos célebres. 

A ópera também se insinua no restante da programação, com uma versão em concerto de Madama Butterfly, que Mechetti rege em junho, como homenagem ao centenário de morte de Giacomo Puccini (1858-1924). Ainda no campo das efemérides, os 160 anos de nascimento de Richard Strauss e o nascimento e morte de Bedrich Smetana (1824-84) serão lembrados com a expressiva presença desses compositores no repertório.

Clarice Assad, uma das compositoras brasileiras mais requisitadas da atualidade, terá uma nova obra estreada pela Filarmônica de Minas Gerais em abril. Raízes contará com a participação do conjunto de percussão Martelo. A música contemporânea ainda marca presença com a estreia brasileira de Lume, obra com a qual o compositor mineiro Leonardo Silva venceu o primeiro prêmio do IV Concurso de Composição da Basileia (Basel Composition Competition), na Suíça. A temporada apresenta, em dezembro, Fragmentos, de Marisa Rezende. 

Além das jovens regentes brasileiras Simone Menezes e Mariana Menezes, haverá outros dois maestros convidados: o britânico Jan Latham-Koenig, em maio, e o norte-americano John Axelrod, em novembro. O restante da programação fica a cargo do titular Mechetti e do regente associado da filarmônica José Soares. 

Grandes solistas também integram a programação: Vadim Gluzman toca o Concerto para violino de Beethoven, em março; Andrey Baranov (violino) e Alexander Hülshoff (violoncelo) reúnem-se no Concerto duplo de Brahms, também em março; o pianista Dmitry Shishkin toca o primeiro concerto de Chopin em maio; e no mesmo mês os pianistas Ronaldo Rolim e Xiaohui Yang interpretam o Concerto para dois pianos em ré menor de Poulenc. Os veteranos Arnaldo Cohen (em junho) e Antonio Meneses (em outubro) também estão na temporada, interpretando Bach e Elgar, respectivamente. 

Fabio Mechetti chama atenção para a presença da jovem violinista Geneva Lewis, que, em junho, em sua primeira apresentação no Brasil, interpreta o Concerto para violino de Richard Strauss. E reforça o comprometimento com os talentos da casa: “Temos focado a valorização de nossos próprios músicos, reconhecendo os talentos daqui. Em 2024, serão solistas o clarinetista Marcus Julius Lander e o fagotista Adolfo Cabrerizo [no Dueto-Concertino de Strauss, em abril], além da flautista Cassia Lima [no Concerto para flauta, de Reinecke, em agosto]”. 

Vale destacar a participação do norueguês Ole Edvard Antonsen, um dos principais trompetistas da atualidade, que em abril interpreta o Concertino para trompete de Jolivet, num programa que ainda conta com uma peça de Duke Ellington, lembrando os 50 anos de sua morte. Em setembro, um programa coral francês reúne Gloria de Francis Poulenc e o Réquiem de Gabriel Fauré, com a participação do Concentus Musicum de Belo Horizonte regido por Iara Fricke Matte.

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