Retrospectiva 2020: André Cardoso

André Cardoso, regente e professor da Escola da Música da UFRJ

“Sem dúvida alguma e sob inúmeros aspectos, 2020 foi um ano que já entrou para a história. O mundo praticamente parou, as temporadas artísticas foram suspensas e as salas de concertos e teatros fechados por meses, com imensurável impacto econômico e social. Muitas vidas foram perdidas. Pessoas próximas e colegas queridos nos deixaram. Mas se 2020 foi o ano da adversidade, foi também o da superação. Os desafios nos obrigaram a agir e a ação transformou práticas e hábitos que nos fizeram enxergar o quão frágeis somos e o quanto precisamos uns dos outros. Assim surgiu o Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto, que uniu o setor e deu ensejo a campanhas extraordinárias, como a Lírica Solidária e o Salve Coxia, que apoiaram artistas e técnicos. O distanciamento físico fez com que nos encontrássemos no mundo virtual, que entrou na vida de todos de forma definitiva, transformando as plataformas em palcos, mesas de debates e salas de aulas. Foi de forma virtual que uma fundamental e necessária ação da Funarte em parceria com a UFRJ, conseguiu apoiar alunos e professores, através do Sistema Nacional das Orquestras Sociais do Brasil (Sinos), que, dentre outras ações, contratou mais de 50 professores e 30 compositores, que produziram vídeo-aulas e criaram novas obras. O mundo virtual reafirmou a importância da arte. Isolados, muitos puderam perceber que sem a música, sem os filmes ou os livros não teria sido possível passar por 2020. Reafirmou também a convicção de que nada supera a vida real, o encontro presencial com as pessoas nas ruas, no palco e na plateia. Que saibamos, portanto, tirar as boas lições dos desafios que enfrentamos em 2020 e que possamos fazer de 2021 o ano da retomada e do reencontro.”