Nos dias 6 e 7 de junho, quinta e sexta-feira, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresenta um concerto de sua série Música Brasileira em Foco, com sua orquestra e coro regidas por Ricardo Rocha, da Cia. Bachiana Brasileira. Ele assume pela primeira vez o pódio à frente dos corpos artísticos da casa. O programa traz obras de Francisco Braga, Alberto Nepomuceno, Leopoldo Miguez e, naturalmente, Villa-Lobos. Na quinta, o concerto começa ao meio-dia e terá arrecadação de doações para a Ospa – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre; na sexta, será às 19h.
A série do teatro carioca se propõe a resgatar obras brasileiras de concerto pouco conhecidas do público. O programa, nas palavras de Rocha, “vai do romantismo tardio ao modernismo nacionalista brasileiro, que tão bem expressam o gênio nacional em nossa música, entre o final do século XIX aos anos 20 do XX”. Batizado como O Sinfonismo de Ouro da Música Brasileira de Concerto dos Séculos XIX e XX, o concerto traz quatro formas diferentes da música orquestral – abertura de ópera, sinfonia, poema sinfônico e coro e orquestra. “A Abertura da ópera Jupyra, de Braga, eu conhecia apenas de gravações. Foi um presente”, revela Rocha.
Essa edição traz ainda o resultado de um trabalho de revisão da partitura da Sinfonia em sol menor, de Nepomuceno. “Fiz a revisão da edição publicada pela Academia Brasileira de Música em 2018, comparando-a não só com o manuscrito de 1900, como também com a versão impressa do Arquivo do Theatro Municipal do RJ, de 1938, na busca de uma versão unificada dessas três fontes", conta Ricardo Rocha. "Por sugestão do diretor artístico Eric Herrero, o trabalho analítico e comparativo será apresentado ainda esse ano na Semana dos Arquivos Musicais de Orquestras, que deve acontecer em agosto.”
A segunda parte começa com o poema sinfônico Ave, Libertas!, de Leopoldo Miguez, “uma das suas obras de influência wagneriana, o que, não por acaso, levou o compositor a fundar o Centro Artístico para a promoção da ‘Música do Futuro’, de Richard Wagner”, prossegue o regente; e, para terminar, o monumental Choros nº 10, Rasga Coração.
“Depois de beber do Impressionismo debussyniano na juventude, como se vê no Sexteto Místico, de 1916, Villa-Lobos usou as cores fortes e diversas do modernismo dos anos 20, especialmente nos seus Choros nº 6 e nº 10." A inclusão da peça, por sugestão de Eric Herrero, veio ao encontro da vontade de Rocha. “Era um antigo desejo meu reger também o Coro Sinfônico do TM. Eu já havia executado o Choros nº10 de Villa-Lobos com o EuropaChorAkademie e a Bamberger Symphoniker em turnê alemã, gravada ao vivo pela Rádio da Baviera e transmitida para toda a Alemanha." A evolução da música de concerto brasileira deve muito a esses compositores, portanto: “Villa-Lobos não teria chegado a ser o incrível orquestrador que foi, da escolha da instrumentação que fazia à paleta de cores sonoras que conseguia reunir, se aqui no Rio não houvesse uma vida musical tão rica desde a geração anterior à própria chegada da Família Imperial”, afirma o regente.
A estreia de Ricardo Rocha à frente da Orquestra Sinfônica e do Coro do Municipal acontecer somente agora é, diz ele, “surpreendente”. “Nos últimos 25 anos, regi como convidado nossas principais orquestras, como a OSB, a Opes e a UFF-OSN e também regi muitos concertos no palco do TM. Minha expectativa é a de honrar não só o convite recebido, mas também os músicos e cantores – muitos dos quais fizeram parte da Bachiana Brasileira. E o público, é claro.”
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